O que motiva a diarreia, causas, sintomas e tratamento da diarreia, identificando formas de a diagnosticar e classificar.


Diarreia persistente

O termo diarreia persistente foi estabelecido em 1987 pela Organização Mundial da Saúde e definido como a diarreia que surge como consequência de um processo agudo, geralmente de causa infecciosa e tem duração superior a 14 dias.
Foi inicialmente referida por Avery, em 1968, dentro da síndrome denominada de “diarreia intratável”, posteriormente denominada também diarreia prolongada ou pós-enterite.
É causa de importante agravo no estado nutricional das crianças. Além disto, é responsável por cerca de 45% dos óbitos por diarreia e surge como complicação das diarreias agudas em proporções variáveis de 3 a 25%. Esta variabilidade ocorre, principalmente, em função dos fatores de risco para o desenvolvimento da diarreia persistente.
Estes fatores são:
  • Idade: sabe-se que a diarreia persistente predomina no lactente e é tão mais frequente quanto mais nova for a criança. È rara após os dois anos de idade.
  • Estado nutricional: esta síndrome diarreica incide muito mais frequentemente em crianças desnutridas. A imunidade celular comprometida e deficiência de fatores de proteção no tubo intestinal, além da existência de lesões gastrintestinais prévias e dificuldade na regeneração da mucosa são os responsáveis pela não limitação de um processo diarreico agudo nas crianças desnutridas.
  • Alimentação prévia: criança com aleitamento materno excepcionalmente desenvolverá diarreia persistente. Além disto, os estudos têm demonstrado que a amamentação exclusiva durante pelo menos três meses de vida protege permanentemente a criança desta diarreia.
  • Diarreias prévias: crianças que têm diarreias agudas infecciosas repetidas são mais predispostas a desenvolver a forma persistente. Este fator está muito associado ao ambiente de promiscuidade e condições de higiene e saneamento deficientes, comuns nas nossas populações de nível sócio-econômico baixo. Diarreias frequentes agravam comprometimento do estado nutricional e dificultam a regeneração do epitélio lesado.
  • Peso de nascimento baixo: este achado também traduz carência nutricional desde o período gestacional, presente também em populações de baixa renda.
  • Manuseio inadequado da diarreia aguda: o uso inadequado de antibióticos pode interferir na flora bacteriana e diminuir um dos mecanismos de defesa contra o patógeno; por outro lado, o uso de inibidores de peristaltismo pode agir sobre o mecanismo de “varredura” destes agentes, predispondo à maior permanência do patógeno no tubo gastrintestinal; o jejum prolongado agrava o estado nutricional das crianças, dificultando a cura do processo.
  • Etiologia do processo agudo: embora vários agentes de diarreia aguda sejam citados como causas mais comuns de prolongamento de diarreia (rotavirus, salmonela, yersínia), o único que comprovadamente se destaca é a E. coli enteroaderente.
  • Outros: imunodeficiência (primária ou secundária), doenças prévias (sarampo, por exemplo), escolaridade materna, deficiência de micronutrientes e de vitaminas (principalmente a vitamina A e o zinco).